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Sem título, 2017
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Belts, 2017
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Sobre Andejos
Sobre Andejos

O termo andejo é utilizado para designar alguém ou algo em constante movimento, um estado de itinerância. Por extensão, andejo também relaciona-se, no seu sentido figurativo, à condição de algo que não se mantém, que é inconstante e instável. Esse estado volúvel condiz com o universo dos ambulantes e do comércio ilegal de rua: um circuito ao qual se atribui uma carga pejorativa devido ao fato de que costumam transitar mercadorias made in china, cópias baratas muitas vezes associadas a certo mau gosto e à má qualidade, em comparação com produtos do comércio institucionalizado. Pelo fato de não estarem balizados pela "legalidade", os vendedores também estão em deslocamento contínuo, ávidos por compradores.

 

Reconhecemos nas instalações de Mano Penalva os materiais tão característicos desse comércio ambulante, mesmo quando agenciados de uma maneira que difere da sua utilidade primeira. Em Sem título, por exemplo, uma lona azul - destas sobre as quais produtos são geralmente apoiados e organizados em mesas e displays facilmente dobráveis nos camelôs - é tensionada e sustentada por elásticos em diferentes pontos da sala. Ela deixa então de ser uma superfície de apoio para mercadorias, um fundo, por assim dizer, para transformar-se em uma presença escultural que atravessa o espaço. A disposição diagonal e a grande escala da lona muda consideravelmente a maneira como o visitante pode encarar esse material em seu novo contexto e significado: ao invés de dirigir o olhar para baixo para considerar a gama de produtos à sua disposição, as dimensões da instalação o levam para os quatro cantos da sala.

 

De maneira análoga, Babel também eleva - literalmente - o display ao caráter de escultura. De fato, pequenas grades usadas para pendurar e apresentar objetos mais diversos - como óculos, brinquedos, cd’s - são ordenados em uma composição piramidal à maneira de um castelo de cartas. Para além da dimensão lúdica presente nessa repetição de estruturas modulares que supera a escala humana, o conjunto é armado de maneira rudimentar, remetendo à fragilidade do próprio contexto do qual foram extraídas. Em Centopéia, a aparente precariedade parece tornar-se o mote de uma brincadeira na qual o artista fixa uma série de “piranhas” para amarrar cabelo ao longo de um cabo de vassoura, remetendo, como o título indica, ao inseto de muitas patas.    

 

Esse jogo com os materiais e o imaginário dos ambulantes é sintomático de um olhar atento do artista para a proliferação de objetos ordinários e as soluções improvisadas para a sua circulação. A ausênciados produtos e dos vendedores, tece um discurso em negativo sobre esse sistema, em um gesto que parece apontar a invisibilidade dos trabalhadores socialmente vulneráveis quecomercializam essas mercadorias. Assim, o trabalho de Mano Penalva levanta uma série de questionamentos sobre esse lugar geralmente relegado à marginalidade, mas também as suas possíveis conexões com o sistema das artes. Se os espaços de arte geralmente induzem uma apreciação estética e intelectual, as obras realizadas a partir de displays de produtos do comércio ilegal, não deixa de questionar o próprio estatuto do objeto de arte em exposição. Então, resta a saber, que andejos são esses.

 

 

Olivia Ardui, Março, 2017

 

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Sem título, 2017
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Sobre Andejos
Sem título, 2017
Belts, 2017
Sobre Andejos

O termo andejo é utilizado para designar alguém ou algo em constante movimento, um estado de itinerância. Por extensão, andejo também relaciona-se, no seu sentido figurativo, à condição de algo que não se mantém, que é inconstante e instável. Esse estado volúvel condiz com o universo dos ambulantes e do comércio ilegal de rua: um circuito ao qual se atribui uma carga pejorativa devido ao fato de que costumam transitar mercadorias made in china, cópias baratas muitas vezes associadas a certo mau gosto e à má qualidade, em comparação com produtos do comércio institucionalizado. Pelo fato de não estarem balizados pela "legalidade", os vendedores também estão em deslocamento contínuo, ávidos por compradores.

 

Reconhecemos nas instalações de Mano Penalva os materiais tão característicos desse comércio ambulante, mesmo quando agenciados de uma maneira que difere da sua utilidade primeira. Em Sem título, por exemplo, uma lona azul - destas sobre as quais produtos são geralmente apoiados e organizados em mesas e displays facilmente dobráveis nos camelôs - é tensionada e sustentada por elásticos em diferentes pontos da sala. Ela deixa então de ser uma superfície de apoio para mercadorias, um fundo, por assim dizer, para transformar-se em uma presença escultural que atravessa o espaço. A disposição diagonal e a grande escala da lona muda consideravelmente a maneira como o visitante pode encarar esse material em seu novo contexto e significado: ao invés de dirigir o olhar para baixo para considerar a gama de produtos à sua disposição, as dimensões da instalação o levam para os quatro cantos da sala.

 

De maneira análoga, Babel também eleva - literalmente - o display ao caráter de escultura. De fato, pequenas grades usadas para pendurar e apresentar objetos mais diversos - como óculos, brinquedos, cd’s - são ordenados em uma composição piramidal à maneira de um castelo de cartas. Para além da dimensão lúdica presente nessa repetição de estruturas modulares que supera a escala humana, o conjunto é armado de maneira rudimentar, remetendo à fragilidade do próprio contexto do qual foram extraídas. Em Centopéia, a aparente precariedade parece tornar-se o mote de uma brincadeira na qual o artista fixa uma série de “piranhas” para amarrar cabelo ao longo de um cabo de vassoura, remetendo, como o título indica, ao inseto de muitas patas.    

 

Esse jogo com os materiais e o imaginário dos ambulantes é sintomático de um olhar atento do artista para a proliferação de objetos ordinários e as soluções improvisadas para a sua circulação. A ausênciados produtos e dos vendedores, tece um discurso em negativo sobre esse sistema, em um gesto que parece apontar a invisibilidade dos trabalhadores socialmente vulneráveis quecomercializam essas mercadorias. Assim, o trabalho de Mano Penalva levanta uma série de questionamentos sobre esse lugar geralmente relegado à marginalidade, mas também as suas possíveis conexões com o sistema das artes. Se os espaços de arte geralmente induzem uma apreciação estética e intelectual, as obras realizadas a partir de displays de produtos do comércio ilegal, não deixa de questionar o próprio estatuto do objeto de arte em exposição. Então, resta a saber, que andejos são esses.

 

 

Olivia Ardui, Março, 2017

 

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